Bom dia.
Anteontem e ontem, como todos sabemos foi dia de ENEM, ou seja dia de pessoas interessadas em progredir mais e mais na vida e, mesmo aqueles que somente participam para testarem seus conhecimentos e manterem-se atualizados, grupo do qual eu faço parte, pois nesta fase da idade em que me encontro, o bom mesmo é participar de tudo que puder para fazer com que o cérebro funcione mais celeremente e adquira mais conhecimentos.
Isto é muito bom, embora nos deparemos com certas contradições que nos causam estranheza. Ao invés da "facilitação" para que as pessoas façam o dito "exame" o mais próximo de suas residências, os organizadores fazem de tudo para que o deslocamento seja o mais complicado possível. Somos cientes de que, todo brasileiro que se preze, sempre deixa as coisas para a última hora, isto é coisa já enraizada na cultura do nosso amado povo, coisa que governo ou crença alguma irá mudar, isto vem mesmo de antes Cabral aqui se aportar com suas três (03) naus, lá pelos idos de 1500, ao menos, isto é o que conta a nossa "estória".
Não sou dado a atrasos, nunca fui, eu costumo me antecipar o máximo possível, ser ponderado em meus compromissos. Odeio esperar demasiadamente. Chego antecipado, fico pelas proximidades, faço algo que me interessa e, no horário previamente aprazado eu me apresento para o compromisso, não foi diferente no último sábado e domingo, ditos dias do ENEM.
Sábado, tudo transcorreu na mais perfeita ordem. Nada a reclamar. Cheguei à FATEC com antecedência normal, mas não me senti confortável em razão, talvez do horário de verão. Nosso cérebro é fantástico, ele guarda o que você coloca nele, como eu imprimi o cartão de inscrição antes do horário de verão, com certeza ele "armazenou" as informações e, eu não me apercebi disto, mas enfim, o sábado foi tranquilo, sem problemas, apenas a prova, eu achei um pouco puxada, mas a realizei, talvez com sucesso.
O problema todo veio no domingo.
No sábado tudo guardado no envelope, educadamente cedido pela recepcionista da sala, receptáculo que eu apenas depositei o meu celular "pé duro", devidamente desligado, ciente de que não causaria transtorno ou constrangimento e, muito menos incomodaria ninguém na sala, realmente o que ocorreu. Porém, prova iniciada, lá pelas tantas, a sala ouviu um alarme eletrônico, evidentemente que não adivinha de nenhum equipamento daquelas pessoas que estavam ali para prestarem o exame, pois todos foram rigorosamente "fiscalizados". Pasmem, o celular que tocou foi de uma das fiscais da sala, elegantemente denominadas de "aplicadoras", isto é o de menos.
Ontem (27/10), quando do procedimento inicial, fui literalmente "barrado na porta". Fiquei meio cismado, meio que constrangido, não entendendo nada pois não sou dado a criar obstáculos, especialmente em assuntos de alta relevância, como creio ser um exame desta magnitude, no entanto, um senhor de nome MIGUEL, de forma indelicada e sem qualquer cortesia, característica que eu, particularmente acho fundamental nas pessoas, especialmente no que diz respeito a um dia muito especial, senão para ele, que está ali ganhando para realizar seu trabalho à contento, ao menos para os participantes do ENEM, que estudamos horas a fio, muitos, diuturnamente, na expectativa de uma vida melhor, o que como eu disse, não é o meu caso, aos sessenta e cinco (65) anos de idade, agora o que vier é lucro, porém, o respeito, a educação, a cortesia, isto sim, eu faço questão de receber, seja lá de quem for.
Eu sei que você está curioso e preocupado em saber os fatos que me levaram a este desabafo, então vamos lá. No sábado, como relatei, sem problemas, eu, minhas vestimentas, minha sandália "franciscana", utilizada para melhor conforto, meus documentos pessoais e meu velho e amigo inseparável relógio mecânico, aqueles que ninguém quer mais, aqueles sem muita sofisticação, se é que me entendem, eu realizei meu primeiro dia de provas.
O dito senhor "MIGUEL", o coordenador do evento, naquela instituição, falou em alto e bom som que eu não poderia adentar à sala do exame com meu relógio. Evidentemente que eu discordei, afinal, eu li o edital "tudinho", antes das provas e, lá, em local algum está escrito que eu não deveria estar utilizando de meu velho e bom amigo, o meu "RELÓGIO", eu volto a frisar "mecânico".
Então está, como ficamos, ontem eu fiz a prova com ele, o senhor quer mudar a regra do "jogo" com ele em andamento? Eu lhe perguntei. Ele de forma ríspida e com uma descortesia sem tamanho ficou enfurecido, eu já alquebrado pelas passagens da vida, não me "destemperei", eu disse que somente não iria "sacar" o meu relógio do pulso, somente porquê ele estava querendo e, que no edital e no recipiente para guardar os equipamentos eletrônicos está escrito, que somente ELETRÔNICOS, devem ser acondicionados no receptáculo oferecido à entrada da sala e, que deve permanecer lacrado até o término e deixar os candidatos o recinto das provas. Neste momento, o homem enfureceu-se e eu vi a ira em seu olhar, ainda bem que eu sou da paz. Ele aos gritos me "convidou" a ir à coordenação para me mostrar o edital, calmamente eu o acompanhei, no trajeto eu fiquei pensando: eu, que leio tudo, da bíblia sagrada até revista de mulher pelada, detenho este conhecimento do edital sou tratado assim, imaginem um aluno candidato novo, sem a devida experiência, participante pela primeira vez, como ele se sentiria? Chato isto. Pensei em levar o caso mais adiante, embora eu tivesse ainda muito tempo para "discutir" com ele, civilizadamente é claro fui até o dito edital e mostrei-o, que ali estava escrito:
São obrigações do PARTICIPANTE do ENEM na edição regulamentada pelo edital nº. 1, de 8 de maio de 2013:
Não portar, ao ingressar em sala de provas, lápis, caneta de material não transparente, lapiseira, borrachas, livros, manuais, impressos, anotações e quaisquer dispositivos "ELETRÔNICOS" (grifo e destaque nosso) ou similares, telefones celulares, smartphones, tablets, ipodes, gravadores, pen drive, mp3 ou similar, relógio, alarme de qualquer espécie ou qualquer receptor ou transmissor de dados e mensagens durante a realização das provas". Isto, sem tirar, nem por é o que está escrito no regulamento (edital) do ENEM. Confesso, eu fiquei estarrecido com a ignorância do senhor coordenador, ele é totalmente desprovido de conhecimento, sequer consegue interpretar um edital singelo, uma lei básica, meia dúzia de letras de fácil assimilação. É uma pena. Ficamos naquele impasse, ele dizendo que eu não adentraria à sala e, eu dizendo que não tiraria o meu velho relógio, que não atrasa e nem adianta, mesmo porque, se atrasasse, não adiantaria. Por fim, já vendo chegar a hora de a polícia ser acionada a intervir pelo "coordenador" e, vendo que a hora da prova estava se aproximando, eu resolvi não dar "ênfase" àquela discussão, mesmo porquê, o meu velho e bom relógio em nada iria interferir em minhas respostas, eu já estava cônscio do que iria enfrentar naquele dia, menos a rispidez, a intolerância, a falta de interpretação de um texto, enfim, para a prova eu estava preparado, não para aquilo. Resolvi então que ele me acompanhasse até a porta da sala onde eu prestaria o exame, o que ele fez e, diante de seu olhar eu, tranquilamente com cuidado tirei o relógio e coloquei-o no invólucro juntamente com meu "pé duro" e solicitei que a recepcionista Aparecida o lacrasse, o que ocorreu e, eu calmamente e pensando no ser de pessoa que é colocada a coordenar um ato de tamanha expressão juntos a jovens que sonham em ter uma vida melhor. O que será que ele, o coordenador "MIGUEL", não deverá ter aprontado nestes dois (02) últimos dias de provas do nosso tão sonhado ENEM e, com o sonho de muitos que pela FATEC passaram, na esperança de uma prova bem sucedida. Fica a dica para a coordenação nacional do ENEM, na próxima edição, talvez, quem sabe, a escolha não esteja nos melhores candidatos (estudantes), mas sim nos coordenadores. Quem sabe?
Ah!, em tempo:
Minha sala foi a de RO013.369, quem viu sabe do que falo.